quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Licenciados: como conseguir um emprego?

stock photo : Hens sleep on a perch in a hen house, raster 

Uma raposa no galinheiro?

Bom, comecemos por dizer que, embora o País necessite de licenciados e bacharéis como de pão para a boca, as razões pelas quais há uma taxa tão elevada de desempregados universitários são mais psicológicas do que outra coisa qualquer. E tem origem na própria estrutura empresarial nacional, predominantemente constituída por PMEs.

Assim, aqueles que se formam com altas notas em áreas muito específicas e procuradas, não têm dificuldade em conseguir emprego, seja em Portugal ou no estrangeiro com as grandes empresas a disputarem entre si o privilégio de os incluir nos respectivos quadros.

Mas isso passa-se nas grandes empresas e grupos empresariais, com Administrações e Direcções igualmente nas mãos de licenciados que nada têm a temer de um jovem que, por muitos conhecimentos e talento que tenha, ainda tem muito que aprender em gestão e experiência. Mas essas empresas, em número, são uma pequena minoria.

A esmagadora maioria das empresas são PMEs e, dentro dessas, raras são aquelas que nasceram à sombra da iniciativa e empreendedorismo de um licenciado. E, para as restantes, lideradas por empresários com iniciativa mas pouca cultura, a admissão de um licenciado, para eles, corresponde à psicologia de um galo perante a hipótese de colocar uma raposa a guardar-lhes o galinheiro…

Eles sofrem daquilo que Lawrence Peter classificou como «Complexo da Hipercaninofobia»:

A competência de um empregado é avaliada, não por observadores isentos ou desinteressados, mas pelo patrão ou (mais provavelmente hoje em dia) por outros empregados em categorias mais elevadas dentro da mesma empresa. Aos seus olhos, um elevado potencial, nomeadamente de chefia, significa insubordinação e insubordinação significa incompetência.
(Lawrence Peter)


Nestas circunstâncias, por um simples mecanismo de autodefesa, o patrão vai pôr imediatamente de lado qualquer hipotética «raposa» que possa minar a sua autoridade dentro do «galinheiro». Mesmo que sinta uma grande necessidade de apoio e não consiga controlar as galinhas.

Que fazer?

Rapazes e raparigas, hoje em dia uma licenciatura não vos estende uma passadeira vermelha para um emprego. A não ser nos casos excepcionais acima referidos.

Esqueçam a licenciatura e ajam como se a não tivessem. Vocês adquiriram e dispõem de uma ferramente superior que vos destaca do comum dos mortais: UM CÉREBRO GINASTICADO e uma capacidade de adaptação muito acima do normal.

USEM-NOS!

E não procurem emprego, procurem TRABALHO!

Assim, para trabalharem por conta de outrem: 
  • Respondam aos anúncios como se tivessem apenas o 12º ano;
  • Dêem instruções severas em casa para, ao atenderem telefonemas que vos sejam dirigidos, não utilizarem o vosso título académico;
  • Quando forem a entrevistas não dêem a entender que têm uma formação superior;
  • Sendo admitidos, sejam humildes para conquistar a confiança dos patrões e colegas de trabalho;
  • A pouco e pouco vão introduzindo o vosso saber como sugestões, perguntando aos patrões o que pensam; se a reacção for negativa esqueçam; possivelmente o patrão, mais tarde voltará a ela como se a ideia fosse dele;
  • Vão enriquecendo a vossa experiência e o vosso Curriculum; quando ele for apreciável poderão procurar voos mais altos se entretanto não tiverem sido reconhecidos na vossa empresa.
  • Procurem valorizar-se profissionalmente através de cursos de Formação Profissional de qualidade.
A pouco e pouco virão a tornar-se imprescindíveis e, quando o vierem a ser, vão revelando a conta-gotas alguma da formação que têm. Talvez admitirem que fizeram um ou dois anos de Faculdade, uma ou outra cadeira. Porque os patrões não admitirão de bom grado que têm ao seu serviço um licenciado a baixo custo com receio de o ver partir... ou com medo de ter de o remunerar devidamente.

Lá diz o ditado:

«Cautela e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém!»

Mas consciencializem-se de que nenhum empresário vai contratar um licenciado se com isso não tiver uma compensação financeira significativa que não teria de outro modo.

E nunca, mas NUNCA mesmo, se esqueçam desta verdade:

Uma licenciatura é uma coisa linda.
Mas se vocês sentirem que não são ninguém sem ela, também não é ela que fará com que vocês sejam alguém!

Assim, façam sempre por merecer o respeito alheio, independentemente das vossas habilitações académicas.

Pensem nisso e boa sorte. Portugal precisa de vós.

Até amanhã!


P.S. Quando reunirem a experiência e curriculum adequado, se tiverem vocação empresarial, pensem na hipótese de criarem o vosso próprio emprego. Mas nunca se esqueçam do que diz a Lei de Murphy:

«Se algo puder correr mal, mais cedo ou mais tarde isso vai mesmo correr mal»

Vejam bem onde vão pôr os pés. O terreno pode não ser seguro...


    

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