A Bela e o Monstro
Não, não estou aqui a chamar «monstro» ao polícia que não fez mal nenhum à jovem e até parece bom rapaz. Desde já lhe rogo que não se sinta ofendido mas o título era tentador... E aliás ele não faz mais do que cumprir as ordens que lhe dão... Por vezes, quem sabe com que vontade...
Monstro será sim aquilo que por detrás dele e de tantos colegas seus se esconde e que, sem pudor nem moral, anda a devorar o País e a desgraçar a vida de milhões de portugueses. Daqueles que não têm poder e que não podem reagir. E dos mais fracos, indefesos e desprotegidos.
Só que, por significativa que tenha sido a manifestação, o seu efeito, para já, foi muito limitado. Praticamente não foi mais do que uma válvula de escape para deixar sair a frustração, a raiva e o desencanto sobretudo da eternamente espezinhada classe média.
Mas não passou de um simples «cartão amarelo» já que muitos dos que deveriam lá estar preferiram assistir comodamente pela TV, não tiveram a coragem de se manifestar, antes preferiram esconder-se e esperar que outros lutem pelos seus direitos, que corram os riscos e que eles aproveitem depois. Sem esforço. Sem riscos. Anonimamente.
Lá diz o ditado:
«Quem não arrisca, não petisca»
Grande parte do Povo Português é comodista ... e cobarde. E é mal informado intencionalmente por todos quantos pretendem cavalgá-lo em favor dos seus interesses mesquinhos. Não passa da tal «Maioria Silenciosa» de que falava o Marechal Spínola.
Foi assim no 5 de Outubro, no 28 de Maio, no 25 de Abril, no 11 de Março e no 25 de Novembro. Foram sempre uns poucos que fizeram tudo, por vezes contra os interesses da população e sempre em proveito próprio… e que colheram os lucros a seu bel-prazer porque a população se deixou manipular à vontade.
Por ignorância, por comodismo e por MEDO!
Até nesta manifestação nacional do passado dia 15 de Setembro, feita no interesse de todos, apenas deram a cara uns meros 500 mil quando deviam ter aparecido CINCO MILHÕES!
Isso sim, teria sido um verdadeiro «cartão vermelho» mostrado ao Governo. E aí eles teriam realmente medo! E iriam arrepiar caminho! Assim foi apenas um sustozinho mas que fez o Primeiro-Ministro trancar-se em São Bento rodeado de viaturas do Corpo de Intervenção.
Não defendo a violência, ainda bem que a manifestação foi pacífica. Só que pecou por escassa. Houve capitais de distrito em que a adesão se ficou pelas poucas centenas.
Longe vai o povo de 1385 que expulsou Leonor Teles e deu o trono ao Mestre de Aviz.
Porque a grande maioria dos Portugueses de hoje só pensa em futebol, telenovelas e mexericos... E agora no triste espectáculo de mais uma «Casa dos Segredos. E em correr para a Igreja ou para Fátima a pedir benesses. Ou a jogar no Totoloto ou no Euromilhões... Mas a verdade é que
«Deus ajuda a quem se ajuda».
Já aqui foi dito que
«Cada povo tem o Governo que merece»
E o analfabetismo cultural destas novas gerações é confrangedor. Um exemplo, alguém sabe onde fica o Rio Arda?
(foto Américo Almeida http://olhares.sapo.pt/rio-arda-foto1562271.html)
Quando fiz a 4ª classe, em tempos que já lá vão, quem não sabia de cor o nome dos rios portugueses?
Hoje a juventude vai ver à internet... aqueles que têm a sorte de ter um computador.
E a tabuada? Alguém se lembra? Quantos são 8 vezes 7? Depois queixam-se dos maus resultados a Matemática, um bicho de sete cabeças.
O Povo é ignorante porque quer, porque acha que tudo lhe é devido e porque acha não tem de fazer esforço, porque acha que não tem de trabalhar, porque lhe meteram na cabeça que basta «exigir» para lhe fazerem todas as vontades.
E não vai votar nas eleições, deixa que lhe coloquem as rédeas, o freio e a sela para depois lhe cravarem as esporas no ventre.
Não se queixem. Parafraseando uma conhecida marca de produtos de cosmética:
VOCÊS MERECEM!
Porque tenho a certeza de que nas próximas eleições vai, de novo, ganhar a abstenção.
Fiquem bem com a vossa consciência. Até amanhã!
P.S. Rio Arda: último afluente significativo da margem esquerda do Douro
- Margem direita: Sabor, Tua, Corgo, Tâmega e Sousa
- Margem esquerda: Águeda, Côa, Távora, Varosa, Paiva e Arda
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