quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Uma fábula...



... para quem nos desgoverna



De pessoa amiga recebi esta fábula que não resisto a transcrever e comentar:
Um rato saiu de manhã para trabalhar e no caminho cruzou com um caracol. Muitas horas depois, após um dia exaustivo em que teve que batalhar arduamente para caçar sua comida e escapar de seus predadores, o rato retornou exausto. E notou que o caracol não havia se movido mais que dois metros.
rato parou e comentou que se sentia compadecido pelo fato de o caracol ter uma vida tão monótona, tão sem emoções, enquanto ele, rato, conseguira viver, em apenas um dia, aventuras que o caracol não viveria em toda existência.
"Emérito rato", disse o caracol, "como tenho bastante tempo para observar e reflectir, permita-me oferecer-lhe alguns dados comparativos entre nossas espécies, que talvez possam ajudá-lo a rever o seu ponto de vista. Caracóis têm casa própria e ratos são escorraçados de todos os lugares aonde chegam. Caracóis vivem em jardins e ratos, em esgotos. O alimento dos caracóis está sempre ao alcance, enquanto ratos precisam caminhar horas e horas para encontrar comida. Por isso, caracóis podem passar o dia apreciando a natureza, ao passo que ratos não podem se descuidar nem por um segundo. E não por acaso, caracóis vivem cinco anos. Dois a mais que os ratos."
O rato ouviu a tudo atentamente. Ponderou que o caracol tinha razão em tudo o que havia dito e, com uma violenta pisada, esmagou o caracol contra o chão.
Felizmente o solo era fofo o suficiente para que o caracol sobrevivesse. Mas ele aprendeu uma pequena lição que lhe seria útil pelo resto da carreira.
Por mais razão que você tenha, nunca tente provar a alguém que se acha o máximo, que ele não é nada daquilo. Porque não há negócio pior do que oferecer sabedoria a quem só pode pagar com ignorância.
(Max Gehringer)




Mas não pense o Sr. Seguro e os seus compinchas do Largo do Rato (tão ansiosos que andam pelo poleiro) que esta fábula não é para eles. Eles também já por lá andaram, Soares, Guterres, Sócrates e tantos mais que sempre se comportaram como os ratos da fábula, mau grado os muitos caracóis, anónimos ou ilustres, que continuamente tentaram alertar para as enormidades cometidas em proveito...  não do Povo português, isso pela certa...

Bem pregam Medina Carreira, Nuno Rogeiro, Nogueira Leite, Paulo de Morais, José Gomes Ferreira, Carlos Moreno, e tantos mais. Vozes que clamam no deserto e a que os «ratos» da fábula fazem orelhas moucas do algo das suas arrogantes «sabedorâncias». (Não incluo neles o Prof. Marcelo porque, nos últimos tempos, os seus comentários têm sido demasiado apaziguadores para a crise que o país a travessa).

Não, à «Ratolândia» corrupta da política portuguesa não interessam comentários ou sugestões sensatas e que visem colocar este desgraçado País na rota do bem estar e do progresso. A eles só interessa aquilo que possa ajudar a mantê-los nas suas pingues posições, a passeá-los nas suas (do Estado) viaturas de luxo e alta cilindrada e com reformas garantidas que não estão ao alcance do comum dos mortais.

Não, a esses não lhes interessa cortar a direito, a ir às bolsas gordas que quem os subsidia, não lhes interessa cortar as «gorduras» deste país nem exigir contribuições condignas e, sobretudo JUSTAS a quem muito tem, sabe-se lá como...

A eles interessam as campanhas de solidariedade em que o Estado é o maior beneficiário. SIM, porque, logo à partida, a generosidade dos Portugueses contribui com 23% de IVA para os cofres do Estado... não para os necessitados, não para quem tem fome...

A eles interessam as obras faraónicas que permitem a ocultação de luvas generosas, não aquelas que promovem o bem estar das populações e satisfazem as necessidades do país real. 

Vale a pena protestar? Vale a pena indignarmo-nos? Eles têm os ouvidos cheios de cera, têm a guardar-lhes as costas as forças de segurança,. Têm no bolso a Comunicação Social que só dá à luz do dia aquilo que a eles convém.


Por isso Portugal, continua a acorrer ás urnas como um rebanho de carneiros que, de uns aos outros, venha o Diabo e escolha. A não ser que apareça um Rui Moreira nacional que consiga arrancar-te do marasmo, quebrar-te as grilhetas e levar à Justiça todos aqueles que de ti fizeram mais pobre, mais estúpido e mais escravo do que eras em tempos que já lá vão...

Entretanto, continuemos no circo...





Esperamos que tenham tido umas
BOAS FESTAS!









terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Soares não paga a multa...


... e o motorista é que fica sem carta!


Pois, esta é mais recente mas é também ilustrativa da elevada moral deste «jovem democrata» sempre preocupado com os problemas dos eleitores.

O caso foi amplamente relatado em todos os canais de TV e meios de comunicação social (excepto, salvo erro, no jornal do PS). E se não fosse o escândalo público que rebentou e uma intervenção do Prof. Marcelo Rebelo de Sousa que, nos seus comentários semanais na TVI, suavemente lhe chamou a atenção para a barbaridade cometida, ainda a estas horas o pobre do motorista estaria privado do seu meio de subsistência.

Mas, melhor que as palavras, fala a reportagem da SIC (como as de qualquer outra TV) a seguir inclusa: 



 Soares a 199 km/hora



Isto não é arrogância? Não é desprezo pelos outros? Não é soberba de quem se julga superior à LEI aprovada pelo seu próprio partido?

Com que direito, com que moralidade, este senhor se atreve ainda a pontificar e mandar bocas sobre a governação deste país?

Há que abrir os olhos para estas verdades escondidas e esquecidas e retirar as respectivas ilações.

Pensem nisso.

Fiquem bem e tenham Festas Felizes

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Ó, Dr Mário Soares...

...isso é medo ou prepotência?








Do fundo da gaveta fomos repescar esta «jóia» que ilustra plenamente mais uma faceta de quem continua a tentar pôr-se em bicos de pés para voltar ao poder, a procurar por todos os meios governar-se à custa do Povo português.

Vejam e apreciem...




Caso não consigam visualizar sigam o link:



Como termo de comparação, permitam-me que vos conte duas pequenas histórias. Ambas passadas em Itália.

1.
A mais recente passou-se nos anos 60. Conduzido pelo seu motorista em excesso de velocidade, o Presidente da República Italiana foi mandado parar por um polícia. Tentando «escudar-se» por detrás do seu passageiro o motorista procurou chamar a atenção do agente para a categoria do seu passageiro. O Presidente não disse palavra limitando-se a assistir à cena.
Ignorando o estatuto do Presidente, que cumprimentou, o guarda passou a respectiva multa já que não havia razão para o excesso de velocidade uma vez que o Presidente se deslocava por razões particulares e sem escolta policial.
No dia seguinte o agente foi chamado à chefia da polícia onde soube, para sua surpresa, que havia sido promovido por indicação do próprio Presidente atendendo à sua actuação firme não se deixando pressionar pela posição social do passageiro da viatura.

2.
A segunda passou-se na Segunda Guerra Mundial durante o avanço aliado na invasão de Itália.
Num posto de controlo o general George Patton foi detido por um soldado que lhe apontou a sua arma intimando-o a identificar-se. O general, que era uma «prima donna» irritou-se e desabridamente perguntou ao soldado se ele não sabia quem ele era.
O soldado respondeu-lhe: «Meu general, eu JULGO conhecê-lo. Mas as ordens que tenho do meu tenente são que não deixe passar NINGUÉM sem ser identificado. Nada me garante que o senhor seja quem diz ser e eu não me arrisco a desobedecer às ordens que recebi.»
O general sorriu e identificou-se elogiando a postura do soldado.

O que pensam que sucederia se o caso fosse com qualquer dos nossos iluminados políticos de pacotilha?

E, já agora, como classificar a actuação do então presidente Mário Soares? Algo a esconder ou, pura e simplesmente, uma manifestação de arrogância, soberba e prepotência?

Muito honestamente, isto não são maneiras de tratar um agente da autoridade no desempenho legítimo das suas funções. Ou a polícia só lhe serve para lhe servir de protecção contra a indignação mais que justificada de milhares de portugueses?

Pensem nisso. Até breve.



sábado, 7 de setembro de 2013

Fogos florestais: Perguntas «parvas»








Inda que mal pergunte...



1. Porque razão os incêndios privilegiam tanto as áreas florestais do norte e centro e não atacam o Alentejo cujas searas, nesta época, arderiam como archotes ao mais pequeno foco? Apesar das temperaturas do ar serem aí bem mais elevadas?

2. Será que isso tem a ver com as eleições que se avizinham, já que nas áreas ardidas os eleitores são, tendencialmente, mais afectos aos partidos agora no Governo? Seria uma forma de os descredibilizar, não seria? Já agora, seria interessante fazer um paralelo entre a frequência e intensidade dos fogos e as datas de eleições. Só para termos a certeza de que não há gato escondido...

3. O que vai na cabeça da senhora Ministra da Justiça quando diz que não há razão para agravamento das penas aplicáveis a incendiários? Segundo o Código Penal as penas aplicáveis vão de 3 (Artº. 206 - Dano) a 5 anos (Artº. 207 - Dano qualificado). Isto são penas «pesadas»? Não brinquem connosco. Quando há vidas humanas roubadas ou em risco, o mínimo seria tentativa de homicídio. Sobretudo quando o crime é cometido com dolo, ou seja, com intenção de o realizar. E este ano já são OITO os bombeiros que deram as suas vidas na defesa da incompetência alheia!

4. E quanto a indemnizações, quem paga o prejuízo? Saberão os lesados que, na ausência de culpado inquestionável, podem processar o Estado exigindo uma indemnização? (Isto é algo que não convém vir à luz do dia, pois não, senhora Ministra?)

5. E porque será que entre os milhentos escritórios de advogados existentes no país não surge uma Erin Brockovitch (http://en.wikipedia.org/wiki/Erin_Brockovich) que ponha tudo de pernas para o ar e obrigue os poderes políticos a cumprir a missão para que o povo os elegeu?

6. E, já agora, porque será que as cabeças pensantes do nosso Governo não investem uns trocados a dotar as Juntas de Freguesia de roçadoras e microceifeiras para eliminar o mato e prevenir incêndios em vez de virem depois chorar sobre leite derramado? As populações rurais poderiam bem mais facilmente limpar as ameaças que se aninham ao pé das portas.

7. E porque não promoverem formação às populações locais para, com esses meios (e com outros), se prevenirem contra o flagelo que anualmente ameaça as suas vidas e os seus bens? Formação dada pelos bombeiros locais fora da época dos fogos? Não ficaria bem mais barato poupar no combate investindo na prevenção?

Ou ao fim disto tudo, será que o percurso ao longo das juventudes partidárias e das «Universidades de Verão» (que nome pomposo para uma quantas sessões de lavagem cerebral) anquilosou os cérebros dos nossos políticos para tudo quanto não sejam as campanhas eleitorais?

Fiquem bem! Até breve!



quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Fogos florestais: os incendiários






«Em tempo de guerra não se limpam armas»





Vamos hoje falar desses energúmenos, desses criminosos (e que agora já até assassinos são) que por frustração ou diversão (sim, DIVERSÃO) se entretêm a devastar o nosso país.

Disseram há dias as autoridades que já conseguiram capturar um número elevado de incendiários este ano. Mas que, infelizmente as provas dos seus crimes foram destruídas pelo fogo.

Desculpem a frontalidade, até mesmo a brutalidade do que vou dizer:

BASTA DE IMPUNIDADE LEGAL!

Nestes casos de crimes de sangue é preferível que alguns inocentes sejam punidos a que se deixe escapar um só criminoso.

Porque com as quatro mortes até agora ocorridas, (sem contar com os feridos) trata-se de verdadeiros ASSASSINATOS.

É difícil provar os crimes? Aplique-se na hora a «justiça de Fafe». Uma boa sova aplicada na hora pelos captores ensinaria esses bandalhos a respeitar a propriedade e a vida alheia e a não estarem no lugar errado à hora errada. E depois os juízes que lhes aplicassem as penas que entendessem ou que os libertassem de acordo com a estupidez de leis que temos.

PARA GRANDES MALES GRANDES REMÉDIOS

Mas não nos iludamos a pensar que a totalidade dos incendiários são indivíduos de baixa condição e baixa auto-estima. Sei de fonte segura que, em cidades e vilas do interior, são os filhos adolescentes de famílias abastadas que, à falta de locais de diversão, se entretêm a atear os fogos deslocando-se por veredas nas suas motorizadas. Tudo em nome da adrenalina. Afinal, para atear um incêndio de grandes proporções não é preciso muito. Basta um bom conhecimento do terreno, um motociclo de trial, uns quantos cocktails Molotov e um isqueiro BIC.

As populações sabem bem quem são, mas têm medo de represálias por parte das famílias. Localmente poderosas, como se imagina. O que podem fazer? Quando o fogo despontar de madrugada, façam rapidamente uma espera à porta das casas onde habitam potenciais suspeitos. E, quando eles aparecerem, apliquem-lhes um bom correctivo. Se estiverem inocentes, tanto pior para eles. Que não saiam à noite...

E nesses casos, para evitarem problemas maiores, era bom que os «papás» investigassem por onde andam os seus rebentos altas horas da noite, lhes aplicassem um correctivo exemplar no sítio onde as costas mudam de nome, lhes confiscassem os seus instrumentos de «diversão» e os entregassem à justiça.

Quanto às leis que os senhores (não) fizeram, senhores Deputados, Excelências cabotinas, queiram arregaçar as mangas e fazer o trabalho para que são (regiamente) pagos com o nosso dinheiro.

Regiamente, sim, porque a Assembleia da República custa-nos CENTO E QUARENTA MILHÕES DE EUROS POR ANO, ou seja, mais de 50.000 Euros por mês para cada um dos «senhores»!

E, já agora, não sigam o triste exemplo da senhora Presidente da Assembleia da República que, porque se senta no seu «trono». se julga superior ao povo que a elegeu.

(imagens: Internet)

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Fogos florestais: o «Carrossel»



«Quem quer defender tudo não defende coisa nenhuma»

(Frederico da Prússia)



É com o coração apertado e com uma profunda indignação a percorrer-me as veias que continuo a assistir ao revoltante espectáculo diário dos fogos florestais que devastam o nosso país.

É com as lágrimas nos olhos que assisto ao abnegado sacrifício dos nossos bombeiros e ao desespero das populações esbulhadas dos seus parcos haveres.

E é com um profundo estupor que assisto à incompetência de quem devia tomar decisões enérgicas e eficazes para prevenir (sim, PREVENIR) e combater este flagelo e não toma mais do que medidas tíbias malbaratando os meios de que dispõe. Refira-se que, para a prevenção o Estado despende apenas a quarta parte do que gasta no combate aos fogos. E não cuida devidamente das suas próprias florestas como foi recentemente revelado pelas nossas televisões. E toda a gente sabe que:

MAIS VALE PREVENIR DO QUE REMEDIAR!

Através das emissões das várias TVs temos visto com que repugnante parcimónia são utilizados os meios aéreos, espalhando-os pelo território a conta gotas em vez de os concentrarem em ataques maciços num ou dois fogos de cada vez de modo a dominarem os incêndios e a permitir uma acção mais profícua dos corpos de bombeiros em vez de sobrecarregarem estes com o grosso do esforço necessário, quantas vezes baldado.

Já no ano passado aqui teci, em duas crónicas, algumas sugestões sobre melhoramento no combate aos fogos florestais:
  1. FOGO...!
  2. Fogos florestais: É hora da Cavalaria...!
que já há dias voltamos a enviar ao Sr. Ministro da Administração Interna acompanhadas de alguns comentários adicionais (certamente o Sr. Ministro anda muito ocupado pois nem sequer teve tempo de pedir a uma qualquer secretária que agradecesse o incómodo).

Também me desgostou (para não dizer indignou) a parcimónia da distribuição de verbas (e esforços) no sentido da PREVENÇÃO. Na primeira daquelas crónicas avancei algumas sugestões. É preciso criar leis? Pois criem-nas, é para isso que são governantes, eleitos para zelarem pelos interesses do País.

E faço aqui minhas as palavras de Barack Obama que, aquando do furacão Irene que devastou a costa leste dos Estados Unidos, declarou a um grupo de funcionários da Cruz Vermelha que... 

«Era preciso que as agências federais agissem primeiro, de forma decisiva, encontrando meios e sugestões, e só depois se preocupassem com questões regulamentares, de burocracia e até de legalidade».

Porque será que nós não conseguimos eleger políticos assim? Infelizmente, por nosso mal, os nossos governantes preocupam-se demasiado em serem EFICIENTES quando deveriam sobretudo procurar serem EFICAZES.

Qual a diferença?
  • Um líder é eficiente quando cumpre as regras e os regulamentos
  • Um líder é eficaz quando alcança resultados
E a ÚNICA função de um líder é ser EFICAZ!

Já agora, compare-se o número de Advogados no Governo com o número de Engenheiros. Porque ao contrário daqueles, que vivem obcecados pelas leis e regulamentos, estes preocupam-se, em primeiro lugar por obter resultados e resolver problemas. É para isso que lhes pagam e para que se formaram. Os regulamentos são apenas um enquadramento e uma ferramenta a usar conforme as conveniências.

Mas retomando o que acima foi dito, permito-me perguntar se já ouviram falar do «CARROSSEL»?

O método, para incêndios já fora de controlo ou a caminho disso, está esquematizado no diagrama abaixo.





Imagine-se um incêndio de grandes proporções, o maior que esteja em curso. Estabeleça-se um vai-vem circular de quatro aviões Canadair ou helicópteros pesados Kamov (ou Puma se for avante o projecto da sua reconversão) entre o fogo e a albufeira ou lagoa mais próxima (felizmente há bastantes no nosso país). E quando esse fogo estivesse dominado pela intensidade do ataque, o «carrossel» rumaria a outros pontos onde fosse necessário.

Mas não se ataquem os grandes fogos com heli-bombardeiros de pequena dimensão. Esses, usem-nos para debelar os fogos logo no seu início dando tempo aos bombeiros para lá chegarem a tempo e horas.


P.S. Quanto aos incendiários... voltaremos a eles numa próxima crónica. Mas ficam as perguntas:


  1. Porque razão as tríades desapareceram de Macau quando este território foi entregue à China? Quando o Portugal, legalista e democrático, nunca foi capaz de as controlar ou extinguir?
  2. E para quando acções concretas de protecção às vítimas em vez de regulamentos de protecção aos criminosos?




sábado, 20 de julho de 2013

Acordo NÃO... Porquê?





De que têm medo os
históricos do PS?



(imagem insustentavelbelezadosseres.blogspot.com)

Ao ler nos últimos dias os jornais diários e ao ver os telejornais na TV, confrontei-me com a veemente oposição de históricos do PS (Mário Soares, Manuel Alegre, José Sócrates - só para citar os mais notórios) à hipótese do «Acordo de Salvação Nacional» proposto por Cavaco Silva.


Não que eu concorde com a solução do Presidente, mas confesso que acho estranha - para não dizer muito suspeita - a posição tomada por aqueles senhores.


Já por várias vezes, neste blogue, se tem posto o dedo na ferida e Mário Soares não se pode queixar da «notoriedade» que aqui lhe tem sido concedida:


Nem outros governantes que por lá têm passado, seja de que partido forem. Por isso, porque razão será que agora os digníssimos membros «históricos» do PS têm tanto receio em celebrar um acordo para a recuperação de Portugal? Mas que tipo de patriotas são eles?

Ou será (todas as suspeitas são legítimas perante esta atitude) que o lixo encoberto por tantos anos de (des)governação socialista corra o risco de vir à superfície como o azeite e se venha a assistir à recuperação forçada de tanta corrupção encoberta que possa colocar em ordem as contas do País?

Quem não deve, não teme, senhores socialistas. É hora de pôr a nu, em nome de Portugal, a vossa verdadeira face arrancando-vos a máscara de imerecida honestidade que tantos de vós exibis. 





quarta-feira, 17 de julho de 2013

«O Meu Programa de Governo»













de
José Gomes Ferreira


Mensagem hoje enviada ao autor:

Caro Doutor,

Acabei de ler o livro que fez o favor de me autografar e considero-o um E-X-C-E-L-E-N-T-E programa estratégico de governo para quem tenha a coragem e, sobretudo, a honestidade de pôr ordem neste desgraçado país. Agora caberá a alguém passar às tácticas para conseguir colocá-lo em prática e derrubar os imensos interesses instalados.

Naquilo que li, posso classificar os assuntos em três categorias:

  1. Aqueles a que não tenho acesso por estarem fora do meu âmbito de acção, em que aceito a sua palavra como boa pelo rigor com que sempre trata os assuntos a que dá atenção, e que trouxeram uma luz nova sobre as acções dos nossos políticos (e não só). A sua actividade profissional dá-lhe contactos e conhecimento de dados que o comum dos mortais não tem hipótese de vasculhar. Obrigado, muito obrigado pelo que fez por todos nós.
  2.  Aqueles (muitos) sobre os quais já me pronunciei no meu blogue e sobre os quais fico feliz por saber que há alguém de prestígio que me vem dar razão naquilo que ao longo de vários meses comentei.
      
  3. O senhor Doutor Mário Soares, sobre cujas acções várias vezes me pronunciei, e em que estou em veemente desacordo quanto à suavidade com que o trata. A título de exemplo, seria interessante investigar a concessão do exclusivo do fabrico de vagões de caminho de ferro para a CP à METALSINES,  as consequências que daí advieram para a CP em termos de preços que passou a pagar comparativamente aos que pagava à SEPSA em Leça do Bailio e o que aconteceu à linha da produção desta empresa (criada de propósito para satisfazer a CP) que teve de ser reconvertida com sérios prejuízos como fruto daquela concessão.


Espero que os dados que lhe facultei sobre a acção do IEFP na Formação Profissional e no Desemprego lhe venham a ser de utilidade pois o país precisa urgentemente que seja lançada uma luz bem forte sobre áreas tão nubladas quanto essa e sobre a forma como têm sido «espatifados» os muitos milhões que a União Europeia facultou generosamente a Portugal para se modernizar.

E por aqui me fico. Continue o seu excelente trabalho e bem-haja pelo seu esforço


Um abraço

domingo, 14 de julho de 2013

A Bandeira de Cavaco...











... e a Bandeira Nacional!



No dia em que o Presidente Cavaco Silva falou ao País a propósito da crise governativa, não pude acreditar no que os meus olhos viram como (mais um) desrespeito pelos símbolos da nossa soberania.

Já não bastava a palhaçada do 5 de Outubro na varanda da Câmara Municipal de Lisboa com a bandeira a ser içada invertida pelo senhor Cavaco Silva, como agora, numa comunicação ao País que se pretendia séria, se assiste a mais um desrespeito à nossa bandeira.

A Bandeira de Portugal, um dos símbolos da nossa soberania que deve merecer o maior respeito, está desfigurada, não sendo aquela que está consagrada na Lei:



Duvidam? Atente-se no pormenor dos castelos. Os castelos da bandeira colocada junto do Presidente são émulos dos «castelos» das «bandeiras nacionais» fabricadas na China aquando do Euro 2004 e que tanta celeuma causaram na ocasião.

Será que neste país não existe um pingo de vergonha, nem nas mais altas esferas governativas, no sentido do respeito que nos merecem os símbolos nacionais?

Senhor Professor Cavaco Silva, o senhor é o Presidente da República eleito pelos Portugueses. Será exigir-lhe demasiado que, do mesmo modo que tem todo o direito a exigir o nosso respeito nas funções que ocupa, tenha o mesmo cuidado a respeitar e fazer respeitar aquilo que, acima de qualquer Presidente efémero, representa em permanência o País em que nasceu?

 

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Miguel Sousa Tavares...




... e a greve dos professores 




Porque sei reconhecer o mérito e a razão a quem a tem e a sabe exprimir, do mesmo modo que fiz uma crítica rigorosa ao seu último livro, também aqui deixo o meu aplauso incondicional pelas palavras desassombradas e rigorosas de MST sobre a palhaçada que constituiu esta última greve dos professores.

Para quantos não tiveram oportunidade de ter lido o artigo, aqui fica a transcrição com a devida vénia e o total crédito ao autor.

Bem-haja!



O Sindicalista do PCP Mário Nogueira, os Professores e os desgraçados dos Alunos


* Por Miguel Sousa Tavares

A minha entrada no ensino foi feita numa pequeníssima aldeia rural do norte. Éramos uns 80 alunos, da 1ª à 4ª classe, todos juntos na mesma e única sala de aula da escola - que não me lembro se tinha ou não casas-de-banho, mas sei que não tinha qualquer espécie de aquecimento contra o frio granítico, de Novembro a Março, que nos colava às carteiras duplas, petrificados como estalactites. Lembro-me de que o "recreio" era apenas um pequeno espaço plano, enlameado no Inverno, e onde jogávamos futebol com uma bola feita de meias velhas e balizas marcadas com pedras. A escola não tinha um vigilante, um porteiro, uma secretária administrativa. Ninguém mais do que a D. Constança, a professora que, sozinha, desempenhava todas essas tarefas e ainda ensinava os rios do Ultramar aos da 4ª classe, a história pátria aos da 3ª, as fracções aos da 2ª, e as primeiras letras aos da 1ª. Ela, sozinha, constituía todo o pessoal daquilo a que agora se chama o 1º ciclo. Se porventura, adoecesse, ou se na aldeia houvesse, que não havia, um médico disposto a passar-lhe uma baixa psicológica ou outra qualquer quando não lhe apetecesse ir trabalhar, as 80 crianças da aldeia em idade escolar ficariam sem escola. Mas ela não falhou um único dia em todo o ano lectivo e eu saí de lá a saber escrever e para sempre apaixonado pela leitura. Devo-lhe isso eternamente.

Nesse tempo, não havia Parque Escolar, não havia pequenos-almoços na escola (que boa falta faziam!), não havia aquecimento nas salas, não havia o recorde de Portugal e da Europa de baixas profissionais entre os professores, não havia telemóveis nem iPads com os alunos, não havia "Magalhães" ao serviço dos meninos, mas sim lousas e giz, os professores não faziam greves porque estavam "desmotivados" ou "deprimidos" e a noção de "horário zero" seria levada à conta de brincadeira. Era assim a vida.

Não vou (notem: não vou) sustentar que assim é que estava bem. Limito-me a dizer que tudo é relativo e que nada do que temos por adquirido, excepto a morte, o foi sempre ou o será para sempre. E sei que na Finlândia - o país considerado modelo no ensino básico e secundário pela OCDE - os professores trabalham mais horas do que aqui, não faltam às aulas e ganham proporcionalmente menos. Com resultados substancialmente melhores, do único ponto de vista que interessa aos pais e aos contribuintes: o desempenho escolar dos alunos.

Só uma classe que recusou, como ultraje, a possibilidade de ser avaliada para efeitos de progressão profissional - isto é, uma classe onde os medíocres reivindicaram o direito constitucional de ganharem o mesmo que os competentes - é que se pode permitir a irresponsabilidade e a leviandade de decretar uma greve aos exames nacionais. Nisso, são professores exemplares: transmitem aos alunos o seu próprio exemplo, o exemplo de quem acha que os exames, as avaliações, são um incómodo para a paz de um sistema assente na desresponsabilização, na nivelação de todos por baixo, na ausência de estímulo ao mérito e ao esforço individual.

Mas a greve dos professores vai muito para lá deles: reflecte o estado de espírito de uma parte do país que não entendeu ou não quer entender o que lhe aconteceu. Deixem-me, então recordar: Portugal faliu. O Portugal das baixas psicológicas, dos direitos adquiridos para sempre, das falcatruas fiscais, das reformas antecipadas, dos subsídios para tudo e mais alguma coisa, dos salários iguais para os que trabalham e os que preguiçam, faliu. Faliu: não é mais sustentável. Podemos discutir, discordar, opormo-nos às condições do resgate que nos foi imposto e à sua gestão por parte deste Governo: eu também o faço e veementemente. Mas não podemos, se formos sérios, esquecer o essencial: se fomos resgatados, é porque fomos à falência; e, se fomos à falência, é porque não produzimos riqueza que possa sustentar o modo de vida a que nos habituámos. Se alguém conhece uma alternativa mágica, em que se possa ter professores sem crianças, auto-estradas sem carros, reformas sem dinheiro para as pagar, acumulando dívida a 6, 7 ou 8% de juros para a geração seguinte pagar, que o diga. Caso contrário, tenham pudor: não se fazem greves porque se acaba com os horários zero, porque se estabelece um horário semanal (e ficcional) de 40 horas de trabalho ou porque o Estado não pode sustentar o mesmo número de professores, se os portugueses não fazem filhos.

Por mais que respeite o direito à greve, causa-me uma sensação desagradável ver dirigentes sindicais, dos professores e não só, regozijarem-se porque ninguém foi trabalhar. Ver um sindicalismo de bota-abaixo constante, onde qualquer greve, qualquer manifestação, é muito mais valorizada e procurada do que qualquer acordo e qualquer negociação - como se, por cada português com vontade de trabalhar, houvesse outro cujo trabalho consiste em dissuadi-lo desse vício. Assim como me causa impressão, no estado em que o país está, saber que quase 200.000 trabalhadores pediram a reforma antecipada em 2012, mesmo perdendo dinheiro, e apesar de se queixarem da crise e dos constantes cortes nas pensões. Porque a mensagem deles é clara: "Eu, para já, mesmo perdendo dinheiro, safo-me. Os otários que continuarem a trabalhar e que se vierem a reformar mais tarde, em piores condições, é que lixam!" É o retrato de um país que parece ter perdido qualquer noção de destino colectivo: há um milhão de portugueses sem trabalho e grande parte dos que o têm, aparentemente, só desejam deixar de trabalhar. Será assim que nos livraremos da troika?

As coisas chegaram a um ponto de anormalidade tal, que, quando o ministro da Educação, no exercício do seu mais elementar dever - que é o de defender os direitos dos alunos contra a greve dos professores - convoca todos eles para vigiar os exames, aqui d'El Rey na imprensa bem-pensante que se trata de sabotar o legítimo direito à greve. Ou seja: que haja professores (que os há, felizmente!) dispostos a permitir que os alunos tenham exames é uma violação ilegítima do direito dos outros a que eles não tenham exames. Di-lo o dr. Garcia Pereira, o trabalhadores e do dr. Jardim, infalível defensor da classe operária, e o mesmo que, no final do meu tempo de estudante, na Faculdade de Direito de Lisboa, invocando os ensinamentos do grande camarada Mao, decretava greve aos "exames burgueses" - que o fizeram advogado.

Não contesto que as greves, por natureza, causem incómodos a outrem - ou não fariam sentido. Mas há limites para tudo. Limites de brio profissional: um cirurgião não resolve entrar em grave quando recebe um doente já anestesiado pronto para a operação; um controlador aéreo não entra em greve quando tem um avião a fazer-se à pista; um bombeiro não entra em greve quando há um incêndio para apagar. Eu sei que isto que agora escrevo vai circular nos blogues dos professores, vai ser adulterado, deturpado, montado conforme dê mais jeito: já o fizeram no passado, inventando coisas que eu nunca disse, e só custa da primeira vez. Paciência, é isto que eu penso: esta greve dos professores aos exames, por muitas razões que possam ter, é inadmissível.

* Miguel Sousa Tavares escreve de acordo com a antiga ortografia

Texto publicado na edição do Expresso de 15 de Junho de 2013

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Madrugada suja...

 de Miguel Sousa Tavares


Hesitei profundamente antes de me abalançar a escrever esta crónica. Até porque tive uma elevada consideração pelo autor (MST) e custa-me apontar o dedo a quem escreveu algumas das melhores páginas que li na vida. Mas entendi que deveria fazer os meus comentários para que outros leitores desprevenidos não comprem gato por lebre.

Se, numa escala de 0 a 20 eu colocaria «Equador» no topo,  «Rio das Flores» lá bem próximo e a «No teu Deserto» daria igualmente uma classificação elevada pela sensibilidade, humanidade e ternura com que foi escrito, não posso dar uma classificação mais do que «suficiente» a uma obra que só será um best-seller (se o chegar a ser) pelo prestígio granjeado por MST nas suas obras anteriores. Ou seja, se as pessoas forem ao engano.

Devo dizer, em abono da verdade, que o enredo é interessante como tal, denuncia situações verídicas e, infelizmente, frequentes no nosso país e que eu não enjeitaria o talento de escrever uma história semelhante. Mas isso sou eu, um zé-ninguém ao lado do autor. De MST seria de esperar muito mais.

Mas vamos por partes. Por interessante que o enredo seja, tal como foi trabalhado, ele está ao nível das telenovelas brasileiras. Que também têm o seu público fiel, não o nego, mas que não é do mesmo nível intelectual dos leitores do «Equador». E, para começar, MST deveria ter um pouco mais de cuidado na sua pesquisa para escrever este livro.

Senão vejamos:



Página 39 - «São Berliets - informou-me o Francisco que conhecera aqueles blindados em Moçambique, em 63». Haja Deus. Blindados? As Berliets? Senhor Dr. Miguel Sousa Tavares, as Berliets são camiões militares, não são blindados. Anda a fazer confusão com as Chaimites? Ai a sua cultura geral...

Página 75 - «Imagino o que lhe não terá custado falar para alguém encarregue...» Haja dó, senhor MST, já alguma vez ouviu dizer que um camião está carregue ou que alguém está sobrecarregue de trabalho? Encarregar e sobrecarregar são verbos compostos do verbo carregar e conjugam-se do mesmo modo. Para alguém que recusa utilizar o novo acordo ortográfico (e muito bem na minha opinião) deveria abster-se de utilizar um neo-neologismo criado nos últimos anos pelos betinhos da capital. A palavra «encarregue» existe, sim, mas é o presente do conjuntivo (que eu encarregue...) e não o particípio passado. Assim aprendi eu na escola, há muitos anos. O senhor não?

Página 313 - «Quero que faças um teste de sangue e um teste de esperma». Senhor doutor, sou casado com uma professora de Genética Humana da Universidade do Porto, mas não é preciso tanto para ver o enorme disparate que aqui está.  Não costuma ver as séries dos CSI na televisão? Face ao relatado na página 343 («-O teu sangue corresponde às amostras que encontrámos no carro, o esperma não») e para esclarecimento da situação dos intervenientes dentro do carro o percurso a seguir seria a determinação do perfil do DNA das manchas de sangue e esperma encontradas e comparação com o perfil do DNA do suspeito, neste caso, do Filipe Madruga. Para a determinação deste último perfil, o que se seria de fazer, porque é o que se faz na prática, seria um simples teste realizado a partir de um esfregaço bucal. Note-se que tratando-se de um assunto criminal tal processo teria que ser conduzido num Instituto de Medicina Legal.

Mas há mais.

Página 16 - «... o falso Alexandre assistiu... aos movimentos compulsivos com que o seu amigo João a obrigou a engoli-lo até ao fim... derramando sobre a cara e o incipiente peito adolescente...» e mais abaixo « ...viu depois como a mesma cena se repetiu com o boçal do Zé Maria...»

No entanto, mais adiante, a versão já não é a mesma. Na

Página 253 - «- E ela fez isso a todos de livre vontade? - Pareceu-me que sim, embora estivesse bêbada...» «- ...E fez o mesmo exactamente a todos? ... - Não: ao Zé Maria foi até ao fim»

Página 254 - « -  E tem a certeza de que foi só ele? - Tenho.»

Mas ainda há mais.

Página 143 e seguintes: Veja-se o estilo de linguagem e as palavras eruditas da avó no seu diálogo com Filipe. São de uma pessoa de baixa instrução de «Medronhais da Serra» ou de uma pessoa com a cultura de MST? Haja congruência

E, já agora, como é que uma pessoa sem conhecimentos jurídicos como um arquitecto paisagista, sem as capacidades de um hacker nos domínios da informática e sem conhecimentos financeiros, pôde seguir os percursos sinuosos das finanças do Dr. Luís Morais e da Terramar até às Ilhas Cayman, até Angola e deslindar todos os esquemas de corrupção subjacentes? Das duas uma: ou MST não sabe do que está a falar e está a enganar os leitores, ou sabe e, como advogado, deveria fazer a denúncia dos casos que conhece tal como fez o seu herói Filipe Madruga.

Não vou aqui tecer comentários à recuperação da vítima Eva Ribeiro nem ao parecer técnico de Filipe Madruga sobre o empreendimento da Blue Ocean. Não tenho conhecimentos sobre essas matérias e não posso aventurar-me em águas desconhecidas. Mas, se MST se aconselhou junto de profissionais dessas áreas, teria sido elegante redigir-lhes um agradecimento. Como faz José Rodrigues dos Santos.

E, para terminar, porque razão nem num epílogo se dá a João Diogo e ao Comendador o tratamento de crápulas que eles merecem? Afinal a Eva e o Filipe ficaram com a faca e o queijo na mão. E, já agora, embora no texto haja uma sugestão de um final feliz, em benefício das leitoras não ficava mal ir um pouco mais além.

E por aqui me fico. Oxalá Miguel Sousa Tavares consiga inverter a curva descendente do seu percurso literário e voltar a brindar-nos com obras primas como as do passado.

P.S. Diz-se que um escritor, quando começa, escreve para o seu próprio prazer, mais tarde, para agradar aos amigos e, por fim, apenas para ganhar dinheiro. Será este o caso?


sábado, 6 de abril de 2013

Deus é branco?








Desde 22 de Fevereiro que aqui não vinha com as minhas crónicas. No entanto chegou-me às mãos um artigo de Isomar Pedro Gomes que, pelo seu conteúdo, mereceu a minha maior atenção pela sua frontalidade e oportunidade.





(quote)

Há dias a caminho do Hojy-yá-Henda, a bordo (como habitual) de um dos machimbombos da TCUL Viana vila – Cuca, (privilegio este meio de transporte por ser o mais barato e acessível aos pobres para rotas longas, mau grado a ‘sardinhada e a catingada’), um dos vários azulinhos que ‘palmilham’ as nossas estradas, os nossos emblemáticos táxis colectivos, chamou a atenção do público, exibindo no seu ‘traseiro’ o seguinte dístico; DEUS È BRANCO, MULATO É ANJO, PRETO È DIABO.
Tal dístico é obvio levantou as mais diversas celeumas entre os passageiros do machimbombo e creio entre todos os ‘observadores’ e transeuntes por onde o dito azulinho (mini mbombó) ‘rasgava’ o seu ‘popó-show’.
Raciocinei com os meus botões e os meus botões comigo, as causas que levaram o proprietário do ‘popó’ ou do ‘chauffeur de praça’ a mencionar e exibir tal ‘desgraçado ou ditoso (?!)‘ rótulo. Na busca mental das ‘causas’, não pude deixar de comparar o modo de vida de hoje e o da administração colonial, quando o País e a grossa maioria dos países do continente Africano, era administrado por indivíduos maioritariamente de raça branca, provenientes da Europa, “os tais colonos”, poderia Africa ser comparada a um paraíso? A quem diga que sim, e eu não discordo dele!
“Colonialismo caiu na lama!” Lembram-se deste célebre estribilho 1974-1977?
A JOÌA COLONIAL 
Angola, era mundialmente conhecida como a Joia do império Português e exibia majestosa, todos os pergaminhos de tal título, o Quénia a par da Africa do Sul, a joia Africana do império Britânico, Algéria a joia Africana do império Francês e o antigo Congo-Belga a joia do mini-imperio Belga. Tais países Africanos – no contexto do outrora - prosperavam a olhos vistos (a maioria deles encontravam-se ainda na idade da pedra), as respectiva comunidades autóctone idem em aspas, os índices de desenvolvimento humano dos autóctones inegavelmente estavam lenta e seguramente subindo, as obras dos colonialistas ainda perduram pela Africa adentro.
Verdade seja dita, o esclavagismo e as guerras de “kwata-kwata” fizeram irremediáveis estragos em África. Mas também não é menos verdade, que a falta de unidade, ambição, irresponsável individualismo e a sempre necessidade de estupida e insanamente guerrearem, fazerem verter sangue (entre nós Africanos), tornaram bem-vinda “la pax romana” isto é promulgado a força do chicote e da bala, pelos Europeus.
As então, gerações de jovens africanos instruídos (pelas respectivas franjas ou instituições da administração colonial) organizaram-se politicamente e fizeram soar a acusação de que os Europeus estavam a sugar as riquezas do solo pátrio em benefício exclusivo das nações colonizadoras, desconsiderando totalmente os interesses dos nativos e das colonias, transformando os autóctones em miseráveis na sua própria terra; “eles vieram com a Bíblia, nós tínhamos as terras, no fim eles ficaram com as terras e nós com a Bíblia” disse Robert Mugabe, nacionalista e guia da libertação do Zimbabwe.
Organizaram-se contra o invasor, protestos, revoltas, guerras, chacinas, a história regista que o movimento e actuação dos ‘mau-mau’ liderado pelo indomável Jomo Keniata, foi um dos mais cruéis de Africa e o que chamou a atenção da comunidade internacional, para a necessidade da urgente descolonização de Africa. Claro a violência gera violência, os resultados hoje fazem parte da história.
A resposta colonial a violência nacionalista africana, sempre foi comedida, por exemplo, se a força policial Portuguesa no 4 de Fevereiro e posteriormente no 12 de Março de 1961, respondesse com o mesmo demonismo com que o MPLA ‘respondeu’ ao chamado Fraccionismo do 27 de Maio 1977, muitos dos actuais dirigentes, não existiriam, e provavelmente não haveria movimentos de libertação, durante muito tempo.
O ÊXODO:  
Passado cerca de meio seculo, que a maioria dos países Africanos ‘arrancaram’ na ponta da espingarda a independência das potências colonizadoras (seguindo a lição do camarada Mao Tsé-Tung), se fizermos o balanço, quais foram os ganhos que os respectivos países e povos obtiveram, poucos são os Países Africanos que diremos, saíram indiscutivelmente a ganhar.
“Quando é que a independência afinal vai acabar?”- Indagou desesperado/desapontado um septuagenário angolano nos idos anos 78-80, fatigaderrimo da guerra estupida, de tanta crueldade e injustiça praticada pelos seus patrícios (do regime e da oposição), denominados de nacionalistas de primeira água.
Poderia Africa ser hoje comparada ao Inferno ou ao Purgatório? Qualquer um deles serve, Paraíso; NUNCA. Pouquíssimos países Africanos (menos do que os dedos de uma mão) podem aproximarem-se a tal eleição.
“HOJE até a Bíblia tiraram-nos, e as terras continuam a não pertencer ao povo” – sintetizou Morgan Tchavingirai, descrevendo a desgraçada e extrema penúria do povo zimbabweano, respondendo ao guia imortal ainda vivo, que diz ter ressuscitado mais vezes que o próprio Jesus Cristo. Zimbabwe no período citado por Bob Mugabe, era o celeiro de África, o povo era detentor de um dos mais elevados IDH do continente.
Por exemplo em Angola. Por vezes quando nas datas históricas, oiço e vejo pela TV, indivíduos a mencionarem o que o ‘colono nos faziam’, sinceramente não sei se, choro de raiva ou se me mato de ‘risada’, “porque o colono fazia…blá-blá-blá” – dizem eles - hoje faz-se o pior. O colono se fez, quase que o desculpo, é ou foi colono, é branco não é meu irmão de raça, etc., agora quando o meu irmão Angolano, preto como eu, (ex-companheiro da miséria e das ruas da amargura) faz o que viva e denodadamente repudiávamos do colono, esta ultima ação dói muitíssimo mais do que a ação anterior, dilacera e mutila impiedosamente a alma.
Por isso, logo após as independências Africanas, verificou-se o segundo êxodo – o primeiro foi dos brancos a abandonarem África - milhões de Africanos, abandonaram com angústia na alma e os olhos arrebitados de descrença a Africa, a maioria arriscando literalmente as suas vidas (o filme continua até aos nossos dias), seguindo os outrora colonos, porque chegaram a conclusão que afinal não é verdade o que apregoa o político Africano; “eles prometeram-nos o paraíso e dão-nos o inferno a dobrar” disse um jovem africano em Lisboa nos anos 78-80 num programa da RTP.
Há mais africanos hoje na Europa do que Europeus em Africa, porque?!
A JUSTIÇA EUROPEIA
Os Europeus, muitos deles depois de chacinados em Africa pelas revoltas africanas, de regresso aos respectivos países embora destroçados de dor e amargura, receberam de braços abertos muitos dos antigos carrascos, dando-lhes um lar e emprego decente e uma vida digna, que jamais tiveram nos países de origem; Paz e sossego duradouro.
O contrario era possível?...  Se ainda hoje 37 anos depois do fim da colonização, os dirigentes Angolanos (por exemplo) ainda desculpam-se na presença colonial Portuguesa em Angola, para justificar a Pobreza e outros pesares que “estamos com ele” eles não são, nunca serão culpados, mas o colono (37 anos depois), SIM, estou seguro que, quando Angola festejar o 50º aniversário, os dirigentes Angolanos, ainda estarão a rogar pragas ao colono Português.
HOJE ouvimos falar de relatos arrepiantes de governação de ‘preto-para-preto’ em muitos países africanos; Incompetência criminosa, bajulação estupida como doutrina, ganância e egoísmo exacerbado (primeiro eu - sempre), mentira como regra, assassinatos indiscriminados, prisões em massa, inexistência de liberdade de expressão – a ‘Bíblia’ citado pelo Morgan Tchavingirai. - (inclusive, gritar; “estou com fome” é crime passível de perder a vida. Kamulingue e Kassule, são a prova viva do facto), vida miserável, falta de empregos, corrupção endémica, justiça injusta e totalmente parcial, cadeias (horrorosamente infernais) a abarrotar de jovens provenientes das classes desfavorecidas, hospitais que mais parecem hospícios, escolas que mais parecem pocilgas etc. etc.
O paradoxo, é, se HOJE em África, usufruímos de um bocadinho de liberdade com sabor a vida, é precisamente graças aos Europeus, isto é aos brancos, que desenvolveram uma nova ordem de conduta internacional e instituições internacionais que vigiam sobre o globo incluindo obviamente Africa. As sanções internacionais e outras medidas de contenção paira sobre os dirigentes Africanos, e então, estes por sua vez, fingem praticar a democracia, não porque eles gostam da democracia, porque temem o “deus branco e o seu braço punitivo”. Porque se dependêssemos totalmente dos governos de “preto-para-preto” seguramente, não seria possível viver, na vasta maioria dos países Africanos.
O protótipo Africano da UE (União Europeia) a chamada UA (União Africana) é uma mentira descabida, a UA é uma instituição falida, decrépita, débil e ‘estaladiça’ (como a bolacha ‘chinesa’ de água e sal) que ninguém leva a sério, uns poucos países africanos esforçam-se por dar credibilidade a UA e ao continente, houve até quem propusesse a seguinte designação DUA (DesUnião Africana), por exemplo quando teremos um Tribunal Internacional Africano? Se os tribunais da maioria dos Países membros é do “faz de conta”, os Africanos instituíram também uma espécie risível de Parlamento Africano, que ações pratica tal PA já desenvolveu em beneficio dos Africanos?
A UA é um club de “compadres” velhacos ditadores, egoístas que sonham com Paris, Londres, Estocolmo etc, ao mesmo tempo que transformam os respectivos países em autênticos ‘buracos negros’. As independências em Africa foram ‘feitas’ para algumas centenas de indivíduos africanos, em detrimento de centenas de milhões, cada vez mais miseráveis.
Nunca a Europa ‘recebeu’ tanta riqueza de Africa como após a chamada “independência dos Países Africanos”, os novos-ricos africanos, apressam-se a ‘esconderem’ os produtos da sua criminosa delapidação na Europa para o gaudio dos Europeus, contrariando aquilo que eles próprios evocaram e prescreveram na convocação para a luta de libertação nacional.
“Eu ir a Portugal algum dia?.. NUNCA!.. Nem morto!”.- (1980 na idade de ouro do partido único) Disse, erguendo o punho direito bem alto em sinal de sacro-juramento, em pleno comício em Benguela, um dos então carismáticos dirigentes da “Revolução Angolana” que prescindo de citar o nome, hoje ele próprio, não só é frequentador assíduo e brioso de Portugal e “empresário português” como também é o orgulhoso presidente de uma agremiação desportiva portuguesa em Angola.
Quase meio século depois, podemos dizer que o IDH dos povos africanos subiu ou regrediu? Somos melhores tratados hoje pelos nossos irmãos dirigentes? Os ideais que nortearam a luta de libertação colonial ainda estão vivos e recomendam-se? Muitos dos nossos jovens usam orgulhosamente tecnologia de ponta os ipod, ‘aichatissa’ e ‘aipad’ fazem a banga da juventude, mas o meio que lhes rodeia é nauseabundo e desolador. O Stress agudo e o AVC matam tanto quanto a malária.
FILANTROPOS DA HUMANIDADE 
A mais recente iniciativa de alguns dos milionários do planeta, comoveu muita gente. Há algum Africano entre os homens que protagonizaram tal feliz iniciativa? Todos eles (os citados filantropos) são homens que dedicaram a maior parte da sua vida na produção de riqueza, não o ‘tiraram’ de algum saco azul, nem tão pouco delapidaram o erário público nacional, mas, sentiram-se na necessidade de “repartir com o necessitado” de todo o mundo.
Ontem, os milionários Africanos orgulhavam-se de ‘aparecerem’ na revista forbes e congéneres, hoje face a iniciativa acima mencionada, publicam como que envergonhados; “não somos milionários” chegam ao ponto alguns de dizerem que o que têm é produto do salário.
AFRICA DO SUL:  
Fiquei arrepiado com as imagens da actuação da polícia Sul-Africana em Dobsonville (será esta a cidade?!) que vitimou o jovem moçambicano Mido Macia (MM), na flor da sua juventude (27 anos). Imagens próprias de uma ‘cena’ do Faroeste no seculo XIX ou da era do Drácula no país da Draculândia.Quando vivi na Africa do Sul, tinha um medo atroz e justificado da polícia Sul-africana, principalmente dos pretos. A maioria do polícia Sul-africano preto chega a ser muito mais impiedoso e selvático que o mais impiedoso policia Sul-Africano branco. O polícia preto (na sua maioria) é absolutamente xenófobo, perverso, contra a lei, corrupto e desalmado.O policia branco, estou certo não faria tal coisa, e muito menos os tais policiais pretos fariam isso se MM fosse branco.A xenofobia na Africa do Sul, é extremamente incentivada e alimentada pela polícia Sul-africana e é planificada nas esquadras de polícia, um dia hei-de descrever as minhas experiencias com a corporação policial daquele País, que apesar dos pesares amo muito sinceramente.Fizeram certamente Nelson Mandela, banhar-se em lágrimas. O único Preto que chegou aos patamares dos ‘deuses’. 
AFINAL QUEM CAIU NA LAMA? 
Há em algum país da Europa, a amálgama descriminada e promiscua, esgoto a céu aberto, suja e podre de ‘bairros’ que vimos e vemos principalmente nas periferias das capitais Africanas (quase todas elas) principalmente dos chamados; País Especial.
Os dirigentes Africanos, nem conseguem combater eficazmente o mosquito, causa do paludismo e malária que dizima á meio século, diariamente milhares de almas (principalmente crianças) pelo continente adentro, as doenças diarreicas (produto da falta de sanidade básica) faz de igual modo uma ‘ceifa’ aterradora. Doenças que o colono quase já tinha debelado como a mosca do sono, ameaçam ‘engolir’ povos inteiros.
Tudo isso acontece perante a pecaminosa insensibilidade de um grupinho de “iluminados africanos” (abençoados pelas igrejas) que preferem comprarem castelos de milhões de Euros na Europa e em orgias depravadas (preferem dar de comer os cães), do que ajudar os seus irmãos, que não lhes pede mais do que apenas: BOA GOVERNAÇÃO... Gerirem o erário público para o bem de TODOS e da nação.
E há quem tem o desplante de vir a público protagonizar uma perversa peça teatral, choramingando; “O colono blá-blá-blá”.
Quanto ao anjo, prefiro não comentar. Deus é Branco?.. Até posso aceitar, porem de uma coisa estou certo, preto, é que não é de certeza ABSOLUTA!

Isomar Pedro Gomes   

http://www.club-k.net/index.php?option=com_content&view=article&id=14520%3Adeus-e-branco-isomar-pedro-gomes&catid=17%3Aopiniao&Itemid=124

(unquote)

Atendendo à divulgação que este blogue atingiu, sendo lido em mais de 50 países, tomei a iniciativa de promover a sua divulgação pela oportunidade e manifesto interesse do seu conteúdo.

Bem-haja, Isomar!

P.S. Para respeitar a autenticidade do autor, abstive-me de converter para Português de Portugal o texto original de Isomar Gomes.