Praticamente todo o ser humano
consegue suportar a adversidade.
Mas, se quisermos testar o seu carácter
é darmos-lhe poder
(Abraham Lincoln)
Senhor Doutor Pedro Passos Coelho:
Provavelmente, por esta hora, o senhor pensa que me move uma animosidade particular contra si, que eu sou um esquerdista do piorio, que não vejo nada de bom naquilo que está a fazer.
Desengane-se. Se é isso que pensa, comete um erro de palmatória pois, se tiver lido com um mínimo de atenção e de racionalidade aquilo que tenho escrito (pondo de lado uma certa dose de melindre juvenil que lhe reconheço), já terá notado que eu me insurjo sim, e fortemente, contra tudo o que representa prepotência, irresponsabilidade, negligência, imaturidade e nepotismo venham eles de onde vierem,
E o seu governo, em quem depositei grandes esperanças, tem manifestado tudo isso em doses pouco recomendáveis.
Assim sendo, e porque tenho ainda uns restos de esperança de que consiga levar o barco a bom porto, permito-me dar-lhe algumas «dicas» de que o senhor tem falta para liderar o povo que o elegeu.
- Por muito que isso lhe custe, livre-se de alguns ministros de imagem já degradada e que lhe custam simpatia e credibilidade por parte do eleitorado. Escuso de lhe dizer quais são, os escândalos andaram nos jornais e mantê-los a seu lado só dá a ideia de que também terá arcas encoiradas no seu armário.
Nessa imagem degradada incluem-se ministros «muito engomadinhos», bem vestidos e bem falantes que se dirigem ao Povo Português como se fossem todos atrasados mentais e só eles tivessem o monopólio da verdade.
Um chefe serve aqueles que dependem de si fornecendo-lhes aquilo de que eles necessitam para cumprir devidamente a sua missão:
Instruções / ordens
Informação
Orientação
Formação profissional
Avaliação
Disciplina
Apoio e encorajamento
Delegação de autoridade
Equipamentos
Materiais
Meios humanos
Matérias-primas
E, sobretudo...
O seu EXEMPLO
Será que tem tido um bom relacionamento com o seu eleitorado e com os seus subordinados?
E como é que um chefe detecta essas necessidades?
Estando acessível,
(*) Aquelas que não permitem uma resposta SIM/NÃO)
- Honestamente, é isto que anda a fazer?
- A dificuldade está em levar as pessoas a aceitarem essas decisões e a fazerem com que resultem.
2. Que decisões é que, consciente ou inconscientemente, devíamos tomar e NÃO estamos a fazê-lo?
3. A que questão é que esta decisão vai dar resposta? (muito importante)
4. Quantas alternativas realistas existem em resposta a esta questão?
5. Esta decisão precisa mesmo de ser tomada?
6. Se não fôr tomada, que consequências daí advirão?
7. Que objectivo é que a questão pretende atingir?
8. Que consequências resultarão desse objectivo não ser atingido?
9. Qual a informação ideal que, se fosse conhecida, permitiria que a decisão fosse tomada com absoluta confiança?
10. Até onde nos podemos aproximar dessa informação ideal
11. O grau de imperfeição impossível de remover dessa informação é tão importante que ponha em causa as bases de uma decisão racional?
12. Como é que a decisão irá ser posta em prática? Por quem? Como é que a sua execução irá ser acompanhada e controlada? Por que critérios?
13. E o que é que pode correr mal?
14. Se a Lei de Murphy se verificar, e se o que puder correr mal acabar mesmo por correr mal, qual será a reacção?
15. E o que é que pode correr bem demais?
16. Se os resultados da decisão se revelarem de acordo com o planeado, que decisões é que temos de tomar a seguir, e quando?
Não se esqueça de que, quando o senhor sair do Governo, eles vão continuar. Como continuaram através dos governos que o precederam...
E por hoje fico por aqui. Muito mais teria para lhe dizer mas não quero malbaratar o tempo de alguém tão ocupado... mas lembre-se de que, se está onde está, foi porque quis...
E termino com uma quadra de António Aleixo:
Contigo em contradição
Pode estar um grande amigo.
Guarda-te mais dos que estão
Sempre de acordo contigoPense nisto. Até amanhã!
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