domingo, 21 de outubro de 2012

Portagens: Mordomias de Lisboa

Em Lisboa

não é assim!

(são pobrezinhos)

Portagens nas antigas SCUT do Norte
renderam 140 milhões de euros em dois anos
iOnline

Pois é, nas ex-SCUTS do Norte (e agora também no Centro e no Algarve) estamos todos a pagar a utilização das vias rápidas com perfil de auto-estradas. É justo, não está certo que quem não utilize estas vias, quem não tem automóvel ou quem não viaja, seja obrigado a pagá-las através dos seus impostos. É o chamado «Princípio do Utilizador Pagador».   Até aqui, tudo bem.

Ainda não estão feitas as contas para a A25 (Aveiro-Vilar Formoso) nem para a A22 (Via do Infante) mas é de presumir que os valores venham reforçar significativamente os 140 milhões acima referidos. Sobretudo na A25 dado o intenso tráfego internacional que passa por essa via.  

Mas, como já aqui se salientou, neste país à beira mar plantado, continua a haver dois pesos e duas medidas: os «fidalgos» Lisboetas e «o resto».

Já a 2 do passado mês de Setembro no artigo


fizemos uma crítica sobre o privilégio dos «alfacinhas» e seus vizinhos poderem circular gratuitamente nas auto-estradas da região da capital:
À luz desse princípio, defende-se portanto a conversão em auto-estradas portajadas dos seguintes itinerários todos com características de auto-estrada:

Eixo norte-sul (todo)
A1 (entre Lisboa e Alverca)
A2 (entre Lisboa e Coina)
A5 (entre Lisboa e Porto Salvo/Oeiras)
A8 (entre Lisboa e Loures)
A23 (toda)
IC2 (todo, entre Lisboa e Póvoa de Santa Iria)
IC2 (todo, entre Almada e a Costa de Caparica)
IC19 (todo, entre Lisboa e Sintra)
IC21 (todo, entre Coina e o Barreiro)
IC32 (todo, entre a A2 (Coina) e Alcochete)

Todos eles são da região da Grande Lisboa, num total de mais de 1000 km, QUE NÃO PAGAM QUALQUER PORTAGEM NEM ESTÁ PREVISTO QUE VENHAM A PAGAR. O seu movimento é muito mais significativo do que os do Grande Porto e, portanto, susceptível de gerar muito maior rentabilidade financeira (não se inclui na lista o IC17-CRIL porque no Porto também existe o seu equivalente, o IC23-VCI, também não portajado).


No entanto os nossos governantes continuam a fazer orelhas moucas aos protestos do País, privilegiando a sua vizinhança em detrimento do resto do continente. Para eles existem portanto PORTUGUESES (os lisboetas e arredores) e portugueses (os outros). Filhos e enteados.   Flagrante injustiça já que:

  1. a região de Lisboa e Vale do Tejo é apenas a mais rica do País enquanto
  2. o Norte é a região que mais exporta e
  3. o Algarve é uma grande fonte de receita turística para engordar os cofres do Estado.
Senhor Primeiro-Ministro, o senhor é cego e surdo? Ou TEM MEDO do que lhe possam fazer os seus vizinhos se os obrigar a pagar portagens?

Não está o Estado com falta de dinheiro? Porque hesita tanto em portajar aquelas vias em desigualdade com o resto do país? Benesses para uns e sacrifícios para outros? 


Mas que espécie de governante é o senhor?


Depois admire-se das pateadas, protestos e insultos com que o recebem sempre que o senhor ou os membros do seu governo se deslocam para fora da Capital. O senhor e os seus é que estão a fomentá-las.

«Quem semeia ventos, colhe tempestades»
 
O senhor não tem apenas de prestar contas a Bruxelas.

Tem, sobretudo, de prestar contas a Portugal! 

Por favor, meta a mão na consciência (se é que a tem) e pense no que anda a fazer.

Até amanhã!


P.S. O nosso prazer de todos os dias:





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