sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Há quase 150 anos...

 

... Eça de Queirós escreveu:

 



"Nós estamos num estado comparável apenas à Grécia: a mesma pobreza, a mesma indignidade política, a mesma trapalhada económica, a mesmo baixeza de carácter, a mesma decadência de espírito. Nos livros estrangeiros, nas revistas quando se fala num país caótico e que pela sua decadência progressiva, poderá vir a ser riscado do mapa da Europa, citam-se em paralelo, a Grécia e Portugal"

(in As Farpas - 1872)

“Em Portugal não há ciência de governar nem há ciência de organizar oposição. Falta igualmente a aptidão, e o engenho, e o bom senso, e a moralidade, nestes dois factos que constituem o movimento político das nações. A ciência de governar é neste país uma habilidade, uma rotina de acaso, diversamente influenciada pela paixão, pela inveja, pela intriga, pela vaidade, pela frivolidade e pelo interesse. A política é uma arma, em todos os pontos revolta pelas vontades contraditórias; ali dominam as más paixões; ali luta-se pela avidez do ganho ou pelo gozo da vaidade; ali há a postergação dos princípios e o desprezo dos sentimentos; ali há a abdicação de tudo o que o homem tem na alma de nobre, de generoso, de grande, de racional e de justo; em volta daquela arena enxameiam os aventureiros inteligentes, os grandes vaidosos, os especuladores ásperos; há a tristeza e a miséria; dentro há a corrupção, o patrono, o privilégio. A refrega é dura; combate-se, atraiçoa-se, brada-se, foge-se, destrói-se, corrompe-se. Todos os desperdícios, todas as violências, todas as indignidades se entrechocam ali com dor e com raiva. À escalada sobem todos os homens inteligentes, nervosos, ambiciosos (...) todos querem penetrar na arena, ambiciosos dos espectáculos cortesãos, ávidos de consideração e de dinheiro, insaciáveis dos gozos da vaidade.”

(in 'Distrito de Évora” - 1867)
     

Passaram quase cento e cinquenta anos sobre estas linhas escritas no Século XIX, época para a qual Portugal regrediu sob as batutas «iluminadas» e «esclarecidas» de todos os crânios políticos que nos conduziram nestes quarenta anos de «democracia».  

Porque o espírito que hoje em dia impera na clique oportunista e corrupta que se senta em todos os lugares de Estado, seja no poder central, seja nas autarquias, com poucas e altamente honrosas excepções (amanhã referiremos uma delas), continua a chafurdar na lama pútrida dos arranjinhos, das cunhas, das imunidades e da sofreguidão a todo o custo pelo lucro fácil.

E a legislação contra o enriquecimento ilícito, que tanta falta faz, continua a ser travada sob os mais diversos pretextos já que não interessa a muita gente grada a hipótese de ser chamada a prestar contas dos seus actos.

Cada vez são mais as vozes autorizadas que nas televisões se erguem contra a fantochada política a que assistimos diariamente. Infelizmente, salvo o caso do Prof. Marcelo Ribeiro de Sousa, todos os demais são relegados para os canais por cabo (SIC Notícias, TVI24, RTP-N), esmagadoramente assistidos por uma classe média cada vez mais espoliada, empobrecida e revoltada, enquanto os canais generalistas são preenchidos por programas imbecilizantes como concursos, Casa dos Segredos, telenovelas e outros que tais.

No entanto, quando essas vozes se tornam por demais incómodas, inventam-se umas peripécias ignóbeis e caricatas como aquela de que foi recentemente vítima o Dr. Medina Carreira.

«Pane et Circensis» (pão e circo) já era a receita que os Romanos aplicavam para adormecer o povo há dois mil anos atrás. E isto agora é a reformulação da velha receita dos três FFF (Fátima, Fado e Futebol) com que Salazar embrutecia e anestesiava Portugal no tempo do seu consulado.

E entretanto os corruptos continuam a corromper-se, os imbecis continuam a «botar faladura» e a darem-se ares de importantes, os inúteis continuam a pavonear-se nas revistas cor-de-rosa como se valessem alguma coisa.

E prossegue o Circo Portugal no seu brilho efémero de estrela cadente a caminho do seu destino final... até que os tigres e leões saltem da arena e devorem a boçal assistência que só ganhará consciência da realidade quando se fecharem sobre si as fauces das feras.

E não aparece jamais um novo D. Sebastião embora não tenham faltado manhãs de nevoeiro...

Até amanhã!


P.S. Um aceno de simpatia aos agentes do SIS ou do DCIAP que já terão certamente sido encarregados (em bom português «encarregados» e não «encarregues») de passar estes meus escritos a pente fino. Desagradável tarefa a vossa. Mas, pelo menos, ficam a saber em primeira mão aquilo que um Português como vós pensa do estado a que reduziram o país que é NOSSO! Um abraço.

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