sábado, 15 de dezembro de 2012

O exemplo de Ramalho Eanes



Um Presidente impoluto!

Quando cumpria o seu segundo mandato, Ramalho Eanes viu ser-lhe apresentada pelo Governo uma lei especialmente congeminada contra si.


O texto impedia que o vencimento do Chefe do Estado fosse «acumulado com quaisquer pensões de reforma ou de sobrevivência» públicas que viesse a receber.

Sem hesitar, o visado promulgou-o, impedindo-se de auferir a aposentação de militar para a qual descontara durante toda a carreira.

O desconforto de tamanha injustiça levou-o, mais tarde, a entregar o caso aos tribunais que, há pouco, se pronunciaram a seu favor.

Como consequência, foram-lhe disponibilizadas as importâncias não pagas durante catorze anos, com retroactivos, num total de um milhão e trezentos mil euros.

Sem de novo hesitar, o beneficiado decidiu, porém, prescindir do benefício, que o não era pois tratava-se do cumprimento de direitos escamoteados - e não aceitou o dinheiro. Num país dobrado à pedincha, ao suborno, à corrupção, ao embuste, à traficância, à ganância, Ramalho Eanes ergueu-se e, altivo, desferiu uma esplendorosa bofetada de luva branca no videirismo, no arranjismo que o imergem, nos imergem por todos os lados.

As pessoas de bem logo o olharam empolgadas: o seu gesto era-lhes uma luz de conforto, de ânimo em altura de extrema pungência cívica, de dolorosíssimo abandono social.

Antes dele só Natália Correia havia tido comportamento afim, quando se negou a subscrever um pedido de pensão por mérito intelectual que a secretaria da Cultura (sob a responsabilidade de Pedro Santana Lopes) acordara, ante a difícil situação económica da escritora, atribuir-lhe. «Não, não peço. Se o Estado português entender que a mereço», justificar-se-ia, «agradeço-a e aceito-a.

Mas pedi-la, não. Nunca!»

O silêncio caído sobre o gesto de Eanes (deveria, pelo seu simbolismo, ter aberto telejornais e primeiras páginas de periódicos) explica-se pela nossa recalcada má consciência que não suporta, de tão hipócrita, o espelho de semelhantes comportamentos.

“A política tem de ser feita respeitando uma moral, a moral da responsabilidade e, se possível, a moral da convicção”, dirá. Torna-se indispensável “preservar alguns dos valores de outrora, das utopias de outrora”.

Quem o conhece não se surpreende com a sua decisão, pois as questões da honra, da integridade, foram-lhe sempre inamovíveis. Por elas, solitário e inteiro, se empenha, se joga, se acrescenta- acrescentando os outros.

“Senti a marginalização e tentei viver”, confidenciará, “fora dela. Reagi como tímido, liderando”. O acto do antigo Presidente («cujo carácter e probidade sobrelevam a calamidade moral que por aí se tornou comum», como escreveu numa das suas notáveis crónicas Baptista-Bastos) ganha repercussões salvíficas da nossa corrompida, pervertida ética.

Com a sua atitude, Eanes (que recusara já o bastão de Marechal) preservou um nível de dignidade decisivo para continuarmos a respeitar-nos, a acreditar-nos - condição imprescindível ao futuro dos que persistem em ser decentes.

(Fernando Dacosta)

Nota: Já escrevi algures no Expresso um comentário sobre Ramalho Eanes, mas sinto-me na obrigação de dizer algo mais e que me foi contado por mais que uma pessoa.

Disseram-me que perante as dificuldades da Presidência teve de vender uma casa de férias na Costa de Caparica e ainda que chegou a mandar virar dois fatos, razão pela qual um empresário do Norte lhe ofereceu tecido para dois. Quando necessitava de um conselho convidava as pessoas para depois do jantar, aos quais era servido um chá por não haver verba para o jantar. O policia de guarda em vez de estar na rua de plantão ao frio e chuva mandou colocá-lo no átrio e arranjou uma cadeira para ele não estar de pé. Consta que também lhe ofereceram Acções da SLN-BPN, mas recusou.

Já várias vezes este texto de Fernando Dacosta circulou na internet. No entanto nunca é demais realçar a postura de um Homem que, passando pela cadeira do Poder, tendo ocupado o posto mais elevado da Nação, soube sempre manter uma postura honesta e digna a exemplo de Teófilo Braga, nosso primeiro Presidente da Primeira República e de Mouzinho de Albuquerque em tempos um pouco mais recuados.

Também Ramalho Eanes foi o primeiro presidente eleito desta nossa actual República. Só que os seus sucessores não souberam (ou não quiseram) seguir-lhe o nobre exemplo, por desgraça nossa.

Por «estranha» circunstância (ou conveniência de uns tantos) todos estes factos foram escamoteados ao conhecimento do grande público, pelo que, mais uma vez, ouso prestar sentida homenagem ao seu carácter e ao seu sentido do dever.

Aproveito a oportunidade para prestar igualmente a minha homenagem à Drª Manuela Eanes que, durante todo o tempo em que foi primeira-dama, soube sempre assumir uma postura elegante, aristocrática, sóbria e discreta, ao contrário de sucessoras suas que, pelas suas atitudes, mais parecem ter sido elas a quem o Povo confiou a chefia do Estado.

A ambos o meu sincero Bem-Hajam.

Até porque, ao contrário de muitos, não procuraram nem concederam benesses nem cargos públicos a familiares e amigos.

Dadas as amostras posteriores que os partidos nos têm proposto para escolha eleitoral, pergunto a mim mesmo se não será mais sensato procurar o candidato à próxima Presidência no seio da hierarquia militar.

Desde que não seja um louco como alguns personagens que vieram à baila após o 25 de Abril.

E porque não de novo Ramalho Eanes?

Pensem nisso. Até amanhã!


«Somos uma nação de gente invejosa que dá aos medíocres o reconhecimento que nega aos mais merecedores e de maior valia.»
(Deana Barroqueiro) 


P.S. Se os Portugueses decidirem rejeitar esta República vergonhosa e resolverem restaurar a Monarquia, este Homem, pelo seu carácter, seria o tutor ideal para um futuro soberano. Mas isso são contas de um outro rosário...

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