domingo, 26 de agosto de 2012

Vamos falar de TGV?


Vamos sonhar com os pés na terra?

Como já referido mais de uma vez, o TGV é um luxo incomportável e injustificado para Portugal e importa descobrir os interesses que estiveram por detrás de uma tão tenaz obsessão do Governo de então. A linha Lisboa-Madrid, já esteve em andamento e não vou comentá-la. Embora a ideia tenha sido abandonada mas vá continuar a ter custos elevados para o País. Na casa dos MILHÕES de Euros em indemnizações por contratos assinados sem cuidado. Mas há duas outras que merecem uma reflexão mais profunda:



1. VIGO-PORTO (com ligação ao Aeroporto Francisco Sá Carneiro)

Esta ligação é por demais importante para transformar este aeroporto no grande aeroporto do Noroeste da Península. Os aeroportos de Vigo, Santiago de Compostela e La Coruña pouco mais são do que aeródromos e não são aptos para aviões wide-body. Mas é necessário um TGV? Para uma centena de quilómetros?

Parece-me muito mais lógico e, sobretudo, extremamente mais económico, prolongar em bitola ibérica a linha do Minho de Braga a Valença e interligá-la à rede da RENFE de modo a que os Alfa Pendular pudessem fazer a ligação a Vigo e, eventualmente, a Santiago de Compostela e à Corunha.

Afinal a rede espanhola tem a bitola da nossa e, tal como a nossa, é alimentada a 25.000 Volt. Os nossos Alfa devem poder circular por ela sem quaisquer problemas. Os comboios já existem (poderiam ser necessários mais 2 ou 3) e não têm comparação os custos de 50kms de linha convencional com os de 120 de linha para TGV.

A ligação ao Aeroporto, a partir de Campanhã, já é assegurada (a cada 20 minutos) pela linha E do Metro do Porto cujas composições podem ser coordenadas com as chegadas dos Alfa Pendular. Não há necessidade de desviar essas composições para irem até ao aeroporto.

Do lado português, esta ligação tem a vantagem adicional de colocar o Alto Minho (Ponte de Lima) na rede ferroviária nacional, podendo os eventuais passageiros ser servidos pelos comboios inter-regionais para deslocações bem mais rápidas a Braga e ao Porto e, em horário nocturno, por comboios de mercadorias nacionais e internacionais sem necessidade da penosa viagem por Viana do Castelo → Caminha → Valença.

Alfa Pendular na Gare do Oriente (Lisboa)


2. PORTO-LISBOA (com passagem por Leiria)

É certo que a linha do Norte está saturada e que os Alfa não desenvolvem todas as suas potencialidades. Se estivesse em condições a viagem duraria bem menos de duas horas.

Também é certo que Leiria está carente de uma ligação ferroviária rápida que a ligue ao resto da faixa litoral do País.

Mas a construção de um ramal dedicado da linha do Norte ligando Coimbra → (via Pombal) → Leiria → Santarém (por muito dispendiosa que ficasse a travessia (possivelmente em túnel) do Parque Natural das Serras de Aires e Candeeiros) ficaria incomensuravelmente mais económica do que construir de raiz uma linha Lisboa-Porto acrescida das respectivas infra-estruturas e composições.

E há que acrescentar que os nossos Alfa Pendular podem atingir a velocidade de ponta de 240 km/hora (fonte Wikipedia). Para um país da dimensão do nosso, para que é preciso mais? Convém salientar que as cidades que se pretende serem servidas pelo TGV distam entre si o máximo de 75 kms. Para quê o TGV? O Alfa Pendular é mais do que suficiente.

Convém referir que, para além de Portugal, os Pendolinos estão em serviço em países como Itália, Espanha, Eslovénia, Finlândia, Rússia, República Checa, Reino Unido, Eslováquia, Suíça, China, Roménia e Polónia (fonte Wikipedia).


Pendolino 680 Checo em Kralupy nad Vltavou

3. LISBOA-FARO

Como complemento do que acima foi dito, a conjugação dos pontos 1, 2 e 3 coloca a Galiza em ligação rápida com Lisboa (e com as linhas aéreas para Angola e Brasil) e com as praias e os casinos do Algarve. Não seria um atractivo para os nossos vizinhos Galegos numa época em que suspiramos pela entrada de fluxos financeiros? E embora em crise, o poder de compra dos Espanhóis está bem acima do nosso…

E, ao fim e ao cabo, Lisboa (e o Aeroporto da Portela) sempre lhes ficará mais próxima do que Madrid (e o Aeroporto de Barajas)...

Pendolino Italiano 470 em Veneza

Vamos começar a pensar com a cabeça em coisas que estão mais dentro das nossas possibilidades e que nos podem trazer proveitos significativos? A Portugal que não aos políticos e capitalistas...

Em época de crise, com as contenções a que estamos obrigados, um projecto destes não poderá ser concretizado de imediato. Mas isso dará tempo aos necessários contactos, inclusivé às negociações com a Xunta de Galicia, para se estudar e financiar o projecto a prazo conveniente.


Pendolino espanhol Alaris na linha Madrid-Valência


Pensem nisso. Até amanhã!

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Cuidados de geriatria por enfermeiro(a) diplomado(a)
pela Universidade Católica

Tlm: 912 487 476

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2 comentários:

Angelo Campos disse...

Hoje vim aqui parar por acaso e para não roubar muito tempo ao leitor, comento o seguinte:
Ramal da linha do Norte a passar por Leiria:
Na minha ótica a saturação da linha do Norte é forçada. E porquê?
Como as cabeças pensantes dos nossos deputados e ex-governantes, pelo menos do PS, defendem o TGV é preciso saturar a linha do Norte.
Assim tem sido desinvestido na linha do Oeste e foi fechado o ramal da Figueira, entre Pampilhosa e a Figueira da Foz.
Se nessa linha não tivesse sido desinvestido ao longo do tempo hoje grande parte dos comboios de mercadorias poderiam circular por aquela linha entre Lisboa e a Pampilhosa.
Um estudo apresentado na Assembleia da República feito pelo Engº Nelson de Oliveira, atual Presidente da APAC a pedido da Câmara das Caldas da Rainha, vem provar isso mesmo.
A audição na Assembleia da República deu-se recentemente e os deputados da referida comissão informaram-no que a parte da linha do Oeste que estava no PET para encerrar, só não o foi devido àquele estudo.

Linha do Minho
O que está em marcha, mas por falta de dinheiro para avançar é a renovação, eletrificação e colocação de sinalização eletrónica desde Nine até Vigo, já que a verba da UE para o TGV Porto-Vigo passou para esta ligação.
A Refer depois da distribuição das verbas pelas várias rubricas só conseguiu incluir no seu Orçamento 5 milhões de Euros para a linha do Minho.

Jorge Bastos Malheiro disse...

Obrigado pelo seu comentário. Muito útil para que se saiba como pensam as «ilustres» e «iluminadas» cabeças que governam este país.

Bem haja pelo tempo que quis dispensar a este tema.