Vamos ganhar juízo?
Estamos em fim-de-semana e, portanto, em ocasião para uma crónica mais substancial e mais digna de uma reflexão aprofundada.
Realizou-se há tempos a conferência Rio+20 (A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável - CNUDS), que reuniu Chefes de Estado e Governo de 190 países e latitudes.
Nessa conferência assumiu particular relevância o discurso do Presidente da República do Uruguai, Sr. José Mujica que vos convidamos a visionar e a reflectir sobre ela antes de prosseguirmos:
Embora a CNUDS não tivesse especificamente como alvo o nosso país, a verdade é que aquilo que o Sr. José Mujica disse pode ser entendido como um retrato daquilo que sucedeu em Portugal e nos conduziu à crise que actualmente vivemos.
Com efeito, vivemos actualmente numa época de consumismo desenfreado em que cada qual almeja possuir e exibir bens materiais acima das suas possibilidades, numa ânsia mais de impressionar os vizinhos do que por real necessidade pessoal.
E, para isso, muitos não hesitam em mergulhar numa espiral de dívidas que se vão acumulando até atingirem proporções insustentáveis.
O número crescente de famílias sobreendividadas que já não conseguem satisfazer os seus compromissos é disso testemunho eloquente.
A responsabilidade maior desse estado de coisas é, sem dúvida, da imprudência dessas próprias famílias que, por preguiça, negligência ou cegueira, não tiveram o cuidado de se informarem devidamente dos riscos e das consequências de assumirem responsabilidades acima das suas posses e de não acautelarem os respectivos futuros.
Mas também não pode, de modo algum, ser negligenciada a responsabilidade da Banca e das instituições de crédito que, na ânsia gananciosa do lucro, não hesitaram em conceder créditos exagerados a quem não tinha meios de os honrar a médio ou longo prazo. Tudo foram facilidades, encandeando os incautos e escamoteando os riscos numa competição encarniçada pela maior fatia do mercado. E foi o que se está a ver.
Por isso, o caminho que nos resta, a todos, estejamos endividados ou não, para equilibrarmos as nossas vidas e acautelarmos o futuro, (independentemente daquilo que o Governo nos obriga a fazer), é procurarmos fazer um esforço sério para sobrevivermos com o mínimo indispensável, privarmo-nos de luxos supérfluos e irmos amealhando o que nos sobra para acudir a uma aflição em tempos difíceis. Porque a ajuda com que contávamos dos organismos oficiais... já era ou está a caminho disso!
E exigirmos aos nossos governantes a mesma contenção a que voluntáriamente nos obrigamos já que eles, por si sós, são incapazes de se privar de ostentações e de uma vida de luxos e privilégios.
Vamos a isso? Até amanhã!
P.S. Nota sobre José Mujica
Mujica é casado com Lucía Topolansky, sua companheira há quase 40 anos. Mujica recebe 12.500 dólares mensais pelo seu trabalho à frente do país, mas doa 90% do seu salário para ONGs e pessoas necessitadas. O seu carro é um VW Carocha. Mora na sua pequena fazenda nos arredores de Montevideu e para ele o restante que sobra do seu salário (cerca de 970 €) é o suficiente para se manter.
“Este dinheiro me basta, e tem que bastar porque há outros uruguaios que vivem com bem menos”, diz o presidente.
(Fonte: Wikipedia)
(igualzinho ao que se passa entre nós!)