«Quem quer defender tudo não defende coisa nenhuma»
(Frederico da Prússia)
É com o coração apertado e com uma profunda indignação a percorrer-me as veias que continuo a assistir ao revoltante espectáculo diário dos fogos florestais que devastam o nosso país.
É com as lágrimas nos olhos que assisto ao abnegado sacrifício dos nossos bombeiros e ao desespero das populações esbulhadas dos seus parcos haveres.
E é com um profundo estupor que assisto à incompetência de quem devia tomar decisões enérgicas e eficazes para prevenir (sim, PREVENIR) e combater este flagelo e não toma mais do que medidas tíbias malbaratando os meios de que dispõe. Refira-se que, para a prevenção o Estado despende apenas a quarta parte do que gasta no combate aos fogos. E não cuida devidamente das suas próprias florestas como foi recentemente revelado pelas nossas televisões. E toda a gente sabe que:
MAIS VALE PREVENIR DO QUE REMEDIAR!
Através das emissões das várias TVs temos visto com que repugnante parcimónia são utilizados os meios aéreos, espalhando-os pelo território a conta gotas em vez de os concentrarem em ataques maciços num ou dois fogos de cada vez de modo a dominarem os incêndios e a permitir uma acção mais profícua dos corpos de bombeiros em vez de sobrecarregarem estes com o grosso do esforço necessário, quantas vezes baldado.
Já no ano passado aqui teci, em duas crónicas, algumas sugestões sobre melhoramento no combate aos fogos florestais:
que já há dias voltamos a enviar ao Sr. Ministro da Administração Interna acompanhadas de alguns comentários adicionais (certamente o Sr. Ministro anda muito ocupado pois nem sequer teve tempo de pedir a uma qualquer secretária que agradecesse o incómodo).
Também me desgostou (para não dizer indignou) a parcimónia da distribuição de verbas (e esforços) no sentido da PREVENÇÃO. Na primeira daquelas crónicas avancei algumas sugestões. É preciso criar leis? Pois criem-nas, é para isso que são governantes, eleitos para zelarem pelos interesses do País.
E faço aqui minhas as palavras de Barack Obama que, aquando do furacão Irene que devastou a costa leste dos Estados Unidos, declarou a um grupo de funcionários da Cruz Vermelha que...
«Era preciso que as agências federais agissem primeiro, de forma decisiva, encontrando meios e sugestões, e só depois se preocupassem com questões regulamentares, de burocracia e até de legalidade».
Porque será que nós não conseguimos eleger políticos assim? Infelizmente, por nosso mal, os nossos governantes preocupam-se demasiado em serem EFICIENTES quando deveriam sobretudo procurar serem EFICAZES.
Qual a diferença?
- Um líder é eficiente quando cumpre as regras e os regulamentos
- Um líder é eficaz quando alcança resultados
E a ÚNICA função de um líder é ser EFICAZ!
Já agora, compare-se o número de Advogados no Governo com o número de Engenheiros. Porque ao contrário daqueles, que vivem obcecados pelas leis e regulamentos, estes preocupam-se, em primeiro lugar por obter resultados e resolver problemas. É para isso que lhes pagam e para que se formaram. Os regulamentos são apenas um enquadramento e uma ferramenta a usar conforme as conveniências.
Mas retomando o que acima foi dito, permito-me perguntar se já ouviram falar do «CARROSSEL»?
O método, para incêndios já fora de controlo ou a caminho disso, está esquematizado no diagrama abaixo.
Imagine-se um incêndio de grandes proporções, o maior que esteja em curso. Estabeleça-se um vai-vem circular de quatro aviões Canadair ou helicópteros pesados Kamov (ou Puma se for avante o projecto da sua reconversão) entre o fogo e a albufeira ou lagoa mais próxima (felizmente há bastantes no nosso país). E quando esse fogo estivesse dominado pela intensidade do ataque, o «carrossel» rumaria a outros pontos onde fosse necessário.
Mas não se ataquem os grandes fogos com heli-bombardeiros de pequena dimensão. Esses, usem-nos para debelar os fogos logo no seu início dando tempo aos bombeiros para lá chegarem a tempo e horas.
P.S. Quanto aos incendiários... voltaremos a eles numa próxima crónica. Mas ficam as perguntas:
- Porque razão as tríades desapareceram de Macau quando este território foi entregue à China? Quando o Portugal, legalista e democrático, nunca foi capaz de as controlar ou extinguir?
- E para quando acções concretas de protecção às vítimas em vez de regulamentos de protecção aos criminosos?
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